Morei em Santigo, Chile e algumas vezes vim ao Rio e em uma delas resolvi fazer diferente e ir voltando, sem pressa, conhecendo o que tinha pelo caminho. Fiz um roteiro que foi sendo finalizado aos poucos, durante a viagem e, em alguns casos, na hora mesmo.
Resolvi começar por esta porque foi a primeira
viagem do ano. Passei o Natal com a familía e na
mesma semana embarquei pra Curitiba, onde começaria a trajetória.
Ilha do Mel foi o lugar que me incentivou a
fazer essa trip, queria ficar por mais tempo, inclusive passar o ano novo lá. Depois
seguir pela Argentina, cruzar a Cordilheira dos Andes e chegar ao Chile. Optei em não conhecer
o Paraguay, que estava ali do lado das Cataratas. Muita gente vai lá para comprar,
alguns até para revender depois. As coisas são bem baratas como perfumes,
eletrônicos, relógios etc.
O roteiro final ficou assim:
Curitiba – Pontal do Sul (ônibus)
Pontal do Sul – Ilha do Mel (barco)
Ilha do Mel – Paranaguá (barco)
Paranaguá – Curitiba (ônibus)
Curitiba – Foz do Iguaçu (ônibus)
Puerto Iguazu – Córdoba (ônibus)
Córdoba – Carlos Paz – Córdoba (ônibus)
Córdoba – Mendoza (ônibus)
Mendoza – Santiago (ônibus)
PARTE 1 || Curitiba - Ilha do Mel
Do aeroporto fui direto para o ponto do
Ligeirinho, um ônibus express, em frente ao aeroporto, só cruzar a rua. Desci
na rodoviária e lá fiquei por quase 3 horas em uma fila no guichê da Viação
Graciosa que vende passagens para o litoral. Pensava em comprar para Paranaguá,
mas na hora me disseram que era melhor ir para Pontal do Sul. Das duas cidades
partem as barcas para a Ilha.
Estava chovendo, com o trânsito pesado do ano
novo e o ônibus demorou muito mais que o normal para chegar. Além do perrengue
que passamos com o ar condicionado que não funcionada, as janelas estavam
travadas e não abriam e o motorista falava que tinha que fechar o único
buraquinho que abria e que isso seria o problema. Em uma das paradas descemos,
contrariando as ordens do motorista que dizia que não ia esperar, para pegar um
ar e comprar água. Eu estava desidratando, imagina a sauna!
Como o ônibus atrasou, perdi o horário da
barca, mas me avisaram no ônibus que tinha uma alternativa, as lanchas que
ficam ali no cais, cobrando mais caro, lógico. Entrei em uma para Encantadas
com mais umas 4 ou 5 pessoas. A chuva batia forte e a lancha a toda velocidade
quicava nas ondas em direção a Ilha.
Na Ilha do Mel existem dois povoados onde se
pode chegar de barco, Nova Brasília e Encantadas. Optei em conhecer primeiro o
lado que se chama Encantadas. Os dois contam com opções de hospedagem, bares e restaurantes.
Como seria temporada de ano novo, busquei um
lugar pra ficar, um hostel camping, e enviei um e-mail antes de ir.
Não faço reservas do tipo que se paga algo com cartão ou depósito, o que neste
caso até me rendeu um super desconto no final das contas. Fui de camping, levei
barraca e saco de dormir no mochilão.
Na primeira noite fiquei em um quarto coletivo,
porque quando cheguei estava chovendo muito para armar a barraca. Seria só essa
noite no quarto até porque já estava tudo lotado nos outros dias. O ambiente lá
é muito bom e Pedro, o dono é super atencioso, e é ele quem cuida de tudo por lá,
café da manhã, recepção, limpeza, tudo! Nesses dias estava seu filho
adolescente dando uma força.
Nessa época as noites costumam ser super animadas. Indico tomar uma Meleca no bar Toca do Raul. É uma mistura de cachaça com ervas e mel e nesse bar só toca Raul! Outra opção é um bar com banda de reggae onde não se paga pra entrar e o forró da praça de alimentação, mas esse não foram todos os dias.
Sobre a Ilha em si, acho que palavras não podem
descrever o que é estar em um paraíso desses… nem as fotos, mas dá para se ter
uma ideia.
No cais de Encantadas saem diariamente barcos
para Nova Brasília e vice-versa. O horário de volta fica em aberto até o último
horário de retorno que é avisado na hora da compra do ticket.
Eu estava sem data para ir embora, e em uma dia
de chuva, arrumei minhas coisas e parti. Barca para Paranaguá, espera de 3 horas para sair o
próximo ônibus com vaga para Curitiba. Cheguei na rodoviária de Curitiba já era
noite e comprei a passagem para Foz do Iguaçu que sairia em dez minutos. Passar a noite no ônibus é uma boa tática para economizar uma diária de hospedagem. Viagens
longas tem sua vantagem.
Dicas:
.Levar lanterna já que na Ilha você vai andar por trilhas e à noite não há iluminação em algumas partes.
.Levar dinheiro, porque lá não tem caixa eletrônico, alguns lugares não aceitam cartão e as coisas são mais caras. Em caso de emergência o mercadinho faz a transação (cartão x dinheiro) cobrando uma taxa.
PARTE 2 || Foz do Iguaçu - Cataratas - Puerto Iguazu
Quando cheguei na rodoviária de Foz já era dia, bem cedo.
Peguei um taxi e fui para o hostel, que havia buscado do computador do hostel
anterior e anotado o endereço. Chegando no hostel agendei o tour para o mesmo
dia. Conheceria as cataratas e o parque das aves estava incluso. Pensei que era um tour de verdade com guia e tal, mas era só o transporte de ida e volta. Nos deixou na porta do parque das aves e marcou uma hora para nos encontrarmos em frente a entrada das Cataratas. Como havia muita fila e a coisa atrasou, na volta não o
encontramos no ponto marcado. Resolvi voltar de
ônibus enquanto outras pessoas conseguiram contato e iam esperar o guia. Pelo imprevisto, nem me cobrou.
Não vale a pena falar da fila. Para mim o que
vem depois ultrapassa qualquer perrengue para chegar até ali. As Cataratas são
maravilhosas e outra vez me faltam palavras e as fotos jamais darão a dimensão de
tudo aquilo. Tem gente que faz o passeio nos dois lados, o brasileiro e o argentino.
Marquei com o mesmo taxista da vinda e no dia
seguinte fomos para a rodoviária em Puerto Iguazu, já na Argentina. A fronteira
é super rápida e tranquila. Enquanto esperava o ônibus para Córdoba comi uns
quitutes numa padaria onde aceitavam dinheiro do Brasil e da Argentina. A
passagem eu já havia comprado ao chegar em Foz do Iguaçu, no dia anterior.
Dicas:
. Ir com roupa impermeável ou de secagem rápida. Tem uma parte que molha tudo! Vendem capa de chuva na porta também.
PARTE 3 || Córdoba - Carlos Paz
Não foi a primeira vez que passei por essa
cidade e minhas recordações eram de uma cidade “cidade”, já que havia me
hospedado no centro e acabei ficando só por ali. Desta vez queria fazer
diferente e conhecer os rios e cachoeiras das redondezas.
Ainda na rodoviária, de manhã bem cedo, vi um
rapaz que também carregava mochilão e barraca, me aproximei para ver se
conseguia alguma informação de camping na cidade, em meio ao espanhol com sotaque
carregado descobrimos que éramos ambos brasileiros. Fomos até o balcão de
informações, pegamos um mapa e ele entrou em um cyber enquanto eu aguardava com
as mochilas do lado de fora. Acabamos indo para o único hostel em minhas anotações
que não era no centro, era em Nueva Córdoba. Gostei muito de conhecer essa
parte da cidade, muito mais tranquila, com praças, barzinhos, universidades, buena onda!
Córdoba é uma cidade cercada por vilas e
pequenas cidades com rios, cachoeiras, natureza exuberante e é pra lá que
queria ir. Nesse mesmo dia fomos procurar um lugar para alugar bicicleta para
ir ao centro, mas nunca o encontramos e fizemos tudo a pé. Voltamos de ônibus,
descemos no ponto errado e andamos muuuito esse dia. No dia seguinte cedo fomos
pegar o ônibus para passar o dia na vila de Carlos Paz, cerca de uma hora de
viagem. Tem opções de hospedagem e camping por lá também. Quem quiser e tiver mais
tempo a boa é alugar um carro e conhecer vários lugarzinhos lindos pela região.
Daí foi chegar ao hostel só pra tomar um banho,
arrumar a coisas e partir para a rodoviária. Desta vez rumo a Mendoza no mesmo
esquema de passar a noite no ônibus
economizando a diária.
PARTE 4 || Mendoza
Cheguei cedo na cidade, peguei um taxi e fui para
a rua dos hostels que me haviam indicado na cidade anterior. Na primeira
tentativa estava lotado, andei umas duas quadras e encontrei onde ficar. O bom
da concorrência é que dá pra pesquisar o melhor preço antes de escolher.
Em Mendoza o que eu queria fazer era o tour de
bicicleta pelos vinhedos. Perguntei na recepção e fui pra rua. Passei por uma
loja de aluguel de bike e descobri como ir de forma independente e fazer esse tour, economizando um bom $. Comprei um cartão para pegar o ônibus no dia seguinte.
No outro dia andei até o ponto de ônibus indicado e logo
passou um que me parecia ir para lá, no meio do caminho descobri que não, mas o
motorista me deixou em um ponto onde passaria o outro para seguir até o meu destino.
Enfim, desci no ponto certo dessa vez e andei até onde alugavam bicicletas. O
dono era um figura que fez da parte externa de sua casa essa empresa. Cheguei
junto com um alemão que também estava sozinho. Cada um recebeu um mapa, uma
garrafa de água, as instruções e recomendações e uma delas era não andar
sozinhos por ali. Seguimos, então, eu e o alemão com as bicicletas para a
estrada dos vinhos.
Vale muito o passeio. Você escolhe em qual vai
entrar e pagar o tour com a degustação, em qual só vai entrar e ver por fora,
em qual quer só a degustação, é bem aberto e cada um escolhe o que fazer por
ali, além de ser linda a paisagem, nem se sente os quilômetros andados.
Ao final fomos degustar um vinho em um tipo de mercadinho (La Botella) onde
os atendentes eram super simpáticos, colocavam música brasileira e acabamos tomando
uma garrafa inteira de vinho. Pra não sair de mãos vazias de lá comprei um
vinho de qualidade com preço ótimo e uma pasta de tomates secos delícia.
PARTE 5 || Mendoza - Santiago
Esse era o caminho que eu queria ver, por isso
fui durante o dia, sentei na janela e fiquei com os olhos bem abertos. Pela
distância se pode fazer uma dessas economias de diária e passar a noite no
ônibus, mas irá perder o visual incrível de passar pelo meio da Cordilheira dos Andes.
Logo escrevo sobre Santiago, cidade onde vivi por quase dois anos...